Completar a primeira maratona é algo muito especial e emocionante na vida de todo corredor.
É a distância que todos falam sobre, que se torna algo a almejar com anos de treino.
Muitos vão para ela precocemente, muitos esperam a "hora certa".
Sabemos que esta experiência, em uma distância maior, soará de formas diferentes para cada um. Assim como a sua preparação até o momento alvo.
O texto-relato de Marcelo Jacob da Silva, que completou sua primeira maratona, irá mostrar um resumo de seu caminho, desde quando iniciou a correr.
Foi em algum dia de Março de 2011 quando o Bruno - meu primeiro
professor de musculação na MG - perguntou: "Já que você está correndo
tanto na esteira durante os treinos, porque não tentar um dia correr na
rua?"
Confesso que achei a ideia meio mirabolante e não fiquei inicialmente
nem um pouco atraído por ela. Mas ele insistiu e explicou que correr na rua
podia ser legal e mais divertido que correr na esteira. E que talvez, eu podia
até correr mais rápido. Humm... Começou
a ficar interessante.
Algumas semanas depois, o Marquinhos me falou dos treinos específicos de
corrida que a MG ministrava no parque de Toronto e que muitos alunos
participavam. Alguns que eu até já conhecia de vista e "das
esteiras".
Bom, lá fui eu num Domingão de manhã investigar como era o treino e quem
eram aqueles malucos. Cheguei me
sentindo um completo peixe fora d'água e rezando para encontrar logo alguém
conhecido. O que não aconteceu. Lembro
tão nitidamente daquele dia. Eu fiz o treino ministrado pelo Marquinhos e
conversei com todo mundo que participou. Adorei a experiência. Estava
descobrindo que gostava de correr. E gostava muito.
Daquele dia até a primeira prova não se passou muito tempo.
"Estreei" na Fila Night Run, primeira etapa, realizada em São Paulo
em Maio de 2011. Foi espetacular. Novamente o sentimento inicial de peixe fora
d'água deu lugar rapidamente a uma sensação incrível de realização pessoal e
puro prazer de correr, de estar ali.
Bom, dali em diante eu já estava apaixonado. E como todo mundo que já se
apaixonou por alguma coisa sabe, a gente fica sempre querendo mais. E mais. E
mais ainda. Eu não tinha naquele momento muitos desejos em relação a metas na
corrida nem sabia exatamente o que eram planilhas de treino, recordes pessoais,
"paces", etc. e nem tinha muito interesse na participação sistemática
em provas de rua. Eu só queria correr. Treinar. E talvez até ficar melhor.
Foi assim por cerca de dois anos. Até 2013 eu já havia participado de
algumas provas de 10km e mantinha cerca de dois treinos semanais de corrida,
que realizava após o trabalho, no começo da noite ou nos finais de semana.
Mantive sempre os treinos de musculação de manhã, que agora assumiam um papel
específico: me tornar um corredor melhor. Mais uma vez eu tive a sorte de
encontrar as pessoas certas. Com a Thais e o Tico, meus treinos de musculação
se tornaram muito sistemáticos, eficientes e acreditem, divertidos.
O
Marquinhos havia também sugerido que eu fizesse natação (MG-II) como
"cross-training" durante a recuperação de uma lesão no joelho e tive
a sorte de receber o treinamento de natação da Vera. Aquela lesão já sarou faz
tempo. Mas continuo com a natação entre as modalidades de cross-training porque
nadar é simplesmente muito legal.
Assim eu emagreci, fiquei mais forte, aprendi muita coisa pela
experiência e também li todos os livros de corrida e nutrição que passavam pela
minha frente. Aprendi um pouco sobre conceitos de treinamento de corrida para
ao menos entender o jargão dos corredores,
e com isso meus treinos de corrida ficaram melhores.
Com a evolução nos treinos veio a motivação de aumentar os volumes de
treino de corrida e também a frequência deles ao longo da semana. Mas havia um
pequeno problema: uma vida pessoal e profissional que simplesmente não
contemplavam a dedicação que eu gostaria de ter para esse esporte. Ou pelo
menos era o que eu achava na época.
Até que um dia, logo antes de iniciar o
treino de musculação por volta das seis horas da manhã, encontrei o Johnny que
também se preparava para começar o seu treino. Eu fiz algum comentário como:
"Pronto para mais um treino na madrugada?" me referindo - é
claro - ao fato de estar ainda quase escuro as seis da manhã e a gente já estar
ali para o treino. Para minha surpresa, choque, espanto e tudo o mais, ele
revelou que na verdade estava chegando do treino de corrida, que havia feito a
partir da 4:30 da manhã. Repito: 4:30 da manhã! Naquele dia eu aprendi com o
Johnny que era possível fazer treinos em tais horários.
Resolvi testar. E foi
perfeito. Descobri que minha hora de correr é de manhã. Bem de manhã. Me adaptei
perfeitamente e ganhei mais um recurso para evoluir.
Agora (final de 2013, começo de 2014), eu já tinha testado e adquirido
a disciplina que precisava para evoluir e treinava corrida três vezes por
semana e também tinha participado de cerca de 6 corridas entre 10 e 16 km. Era
hora de evoluir mais.
Foi aí que meu caminho se cruzou com o da Dani, que passou a me orientar
nos treinos de uma forma que eu nem sabia que era possível e que existia.
Com a
Dani eu aprendi a importância do planejamento do treino, o aspecto fundamental
de se traçar uma meta de performance na corrida e de trabalhar para atingí-la.
Não será novidade para ninguém que conhece a Dani se eu disser que após
conhecê-la eu descobri como age e pensa uma corredora de verdade. Alguém que de
fato ama esse esporte e propaga esse amor para todos que estão ao seu redor.
A
Dani passou a me orientar em todas as minhas metas de corrida desde o início de
2014 e com a ajuda dela eu passei a atingir metas que jamais imaginei que
seriam possíveis para mim.
A Dani me fez descobrir que esse ex-gordinho que já
passou dos 40 ainda podia ser capaz correr 10 km em menos de 43 minutos. Que
podia correr meia maratonas de forma consistente, forte, e ainda terminar com
um sorriso no rosto.
Com tudo isso algo dentro de mim me fez acreditar que muito mais ainda
seria possível.
Então eu treinei, treinei muito, me machuquei, me curei e me preparei
para a minha primeira maratona, realizada no último Domingo, dia 26 de Julho no
Rio de Janeiro.
Não há como descrever meus sentimentos após alcançar o pórtico de
chegada 3 horas e 51 minutos após a largada dessa minha primeira aventura em
maratonas. Por isso nem vou tentar.
Quero apenas agradecer as pessoas incríveis
que tive a sorte de encontrar nesse caminho. Dani, Carol, Marquinhos, Bruno,
Thais, Tico, Johnny, Vera, Leo, Andrea, Rodrigo, Ana.
Sem vocês, sem a atenção,
o tempo, o talento e carinho recebido de vocês eu jamais teria feito o que eu
fiz. E o que eu fiz não foi completar uma maratona. Foi muito mais que isso.
Foi me tornar uma pessoa melhor.
Não sei se vocês sabem, mas é isso que vocês
fazem como seu trabalho. Tornam as pessoas melhores. Obrigado. Quarenta e duas
mil, cento e noventa e cinco vezes, obrigado."
Marcelo Jacob